Uma surpresa psicodélica: DMT ajuda o cérebro a se recuperar após um AVC

A DMT, ou dimetiltriptamina, é uma molécula psicoativa natural encontrada em muitas plantas e mamíferos. De acordo com um artigo publicado na Science Advances, pesquisadores do Instituto de Biofísica HUN-REN BRC e do Centro Cardiovascular e Vascular da Universidade Semmelweis descobriram que a DMT reduz os efeitos nocivos do acidente vascular cerebral em modelos animais e experimentos de cultura celular.
Uma solução da natureza em destaque
A DMT também está presente no cérebro humano e atualmente está passando por ensaios clínicos para auxiliar na recuperação da função cerebral após um acidente vascular cerebral. No entanto, seu mecanismo de ação exato não tinha sido totalmente compreendido até agora. “É incrível como podemos sempre recorrer à natureza para encontrar soluções engenhosas para problemas de saúde”, diz a co-autora principal Mária Deli, do HUN-REN BRC.
A barreira hematoencefálica como alvo terapêutico
“Descobrimos que a DMT reduziu significativamente o volume do infarto e a formação de edema em um modelo de acidente vascular cerebral em ratos,” explica o co-primeiro autor Marcell László. Tanto em experimentos com animais quanto em modelos de cultura celular, os autores mostraram que o tratamento com DMT restaurou a estrutura e a função da barreira hematoencefálica danificada e melhorou a função das células astrógliais. Este composto psicoativo também inibiu a produção de citocinas inflamatórias nas células endoteliais cerebrais e nas células imunes periféricas, além de reduzir a ativação das células microgliais cerebrais através dos receptores Sigma-1.
A DMT pode servir como adjuvante terapêutico aos tratamentos existentes para acidente vascular cerebral
“As opções terapêuticas atualmente disponíveis para acidentes vasculares cerebrais são muito limitadas. A ação dupla da DMT, protegendo a barreira hematoencefálica enquanto reduz a inflamação cerebral, oferece uma abordagem nova e complexa que pode complementar os tratamentos existentes,” diz Judit Vigh, co-primeira autora do trabalho.
Uma vez que as terapias atuais para acidentes vasculares cerebrais não resultam sempre em recuperação total, um tratamento à base de DMT pode representar uma nova alternativa promissora, principalmente em combinação com métodos existentes. As descobertas recentes de pesquisadores em Szeged e Budapeste, na Hungria, apoiam o desenvolvimento de uma terapia que vai além das limitações do tratamento convencional para acidentes vasculares cerebrais. Ensaios clínicos sobre o uso de DMT e investigações sobre seus efeitos a longo prazo estão atualmente em andamento.