Programa Alimentar Mundial auxilia mais de 250 mil afetados pela seca em Moçambique desde novembro

Mais de 250 mil pessoas foram impactadas pela seca decorrente do fenômeno climático El Niño e, entre novembro e julho, receberam assistência alimentar e financeira no sul e centro de Moçambique, conforme estimativas divulgadas na última sexta-feira pelo Programa Alimentar Mundial (PAM).

“A assistência alimentar e financeira às populações afetadas pela seca no centro e sul de Moçambique teve início em novembro de 2024 e foi concluída em julho, beneficiando mais de 250.000 pessoas nos distritos mais severamente afetados”, aponta o último relatório operacional da agência da ONU, consultado pela Lusa.

De acordo com o PAM, mais de três milhões de pessoas enfrentaram insegurança alimentar durante a última temporada de escassez em distritos afetados por uma seca “intensa e severa” no país, com 1,1 milhões necessitando de assistência “urgente”.

“O PAM colaborou com o Governo na conclusão da implementação da ação de antecipação da seca, visando a ativação da temporada 2024/2025, ajudando 180 mil pessoas com transferências em dinheiro através do programa de proteção social e apoiando o Instituto Nacional de Gestão do Risco de Desastres (INGD) na assistência a um milhão de pessoas por meio de atividades de criação de ativos”, ressalta o documento.

A agência das Nações Unidas também informou que, na província de Sofala, no centro de Moçambique, ajudou mais de 8.700 alunos durante a segunda fase de distribuição de “alimentos para levar para casa”, no contexto do Programa de Alimentação Escolar em Emergência e Recuperação.

“A resposta nutricional continuará nos próximos meses, atingindo mais de 15 mil crianças, mulheres grávidas e lactantes, além de meninas”, complementa o relatório.

A União Africana aprovou um apoio de 1,8 milhões de dólares (1,5 milhões de euros) para amenizar os efeitos do ‘El Niño’ em 18 mil moçambicanos, com base em uma avaliação realizada pela agência especializada ARC, conforme informações do Governo.

Um documento que detalha a execução orçamentária de Moçambique no primeiro semestre, enviado na última sexta-feira à Lusa, indica que o apoio resulta da análise da Capacidade Africana de Risco (ARC), uma agência da União Africana que determinou o valor através de uma apólice de seguro paramétrico contra a seca para a temporada chuvosa 2024/25.

Moçambique é reconhecido como um dos países mais severamente afetados pelas mudanças climáticas, enfrentando ciclos recorrentes de cheias e ciclones tropicais durante a temporada chuvosa, que ocorre anualmente entre outubro e abril.

Entre dezembro e março do ano passado, na última temporada ciclônica, Moçambique foi atingido por três ciclones, incluindo o Chido, que foi o primeiro e o mais devastador, no final de 2024.

O número de ciclones que atingem o país “vem aumentando na última década”, assim como a intensidade dos ventos, de acordo com o relatório do Estado do Clima em Moçambique 2024, publicado pelo Instituto de Meteorologia de Moçambique (Inam) em março.

Os eventos extremos causaram pelo menos 1.016 mortes em Moçambique entre 2019 e 2023, afetando aproximadamente 4,9 milhões de pessoas, segundo dados do Instituto Nacional de Estatística.