Powell Pode Indicar Cortes nas Taxas de Juros que Beneficiarão os Índices Acionários, Aposta Analista
Henrique Valente, analista da ActivTrades Europe, afirma que, caso Jerome Powell tenha uma postura “mais restritiva” em seu discurso hoje em Jackson Hole e reforce “a dependência dos dados e a necessidade de controlar a inflação, que já se encontra há cinco anos acima da meta de 2%”, isso poderia “sustentar o dólar e aumentar a pressão” sobre os mercados acionários.
O discurso do presidente da Reserva Federal dos Estados Unidos (Fed), Jerome Powell, em Jackson Hole, nesta sexta-feira, é muito aguardado pelos mercados financeiros e investidores, que buscam pistas sobre o futuro das taxas de juros na reunião da Fed programada para setembro.
Henrique Valente destaca que, se Powell mostrar uma atitude “mais restritiva” e enfatizar a necessidade de controlar a inflação, isso sustentará o dólar e pressionará as ações. Contudo, se ele indicar uma maior abertura para cortes de juros, isso poderá “pesar sobre a moeda americana e favorecer os índices acionários, que enfrentaram uma das piores semanas do ano”.
O analista ressalta que as recentes correções nos índices norte-americanos sugerem uma realização de lucros antes do evento em Jackson Hole, o que deverá ajudar a atenuar a volatilidade em um eventual cenário mais hawkish (postura agressiva no controle da inflação e aumento das taxas de juros) do presidente da Fed.
Henrique Valente acredita que, mesmo evitando temas fora do escopo da política monetária, Powell poderá usar essa oportunidade para enfatizar a importância da independência do banco central, especialmente com a crescente pressão da administração Trump por cortes nas taxas de juros.
O presidente Donald Trump já criticou publicamente a atuação de Jerome Powell à frente da Fed e sugeriu seu afastamento do cargo. O governo norte-americano tem pressionado para que a Fed reduza as taxas de juros.
É provável que a administração americana não reeleja Jerome Powell quando seu mandato expirar em 2026, pois há rumores de que o governo já possui uma lista de possíveis sucessores para a presidência da Reserva Federal.
Recentemente, o Politico informou que, entre os possíveis sucessores de Powell, estão os atuais vice-presidentes da Fed, Philip Jefferson e Michelle Bowman, o presidente da Fed de Dallas, Lorie Logan, o ex-presidente da Fed de St. Louis, Jim Bullard, e o consultor em macroeconomia, Marc Sumerlin, além de outros nomes do setor privado.
Entre os mencionados, figuram também o diretor do Conselho Econômico Nacional, Kevin Hassett, o ex-membro do board da Fed, Kevin Warsh, e o atual membro do board, Christopher Waller.
Henrique Valente observa ainda que a tensão entre o governo e a Fed aumentou nesta semana, “depois que o Departamento de Justiça iniciou uma investigação contra uma governadora da Fed por suposta fraude hipotecária, apenas um dia após Donald Trump pedir sua demissão”.
