Amadora

Na CUTLA, a terapia diária é essencial para manter a mente ativa

Atualmente aposentada, aos 68 anos, ela dedicou sua vida à enfermagem em um hospital em Lisboa. “Todos os dias, usava transporte público e não tinha vida na Amadora. Só comecei a fazer coisas aqui na cidade depois de me aposentar”, recorda a sexagenária. “Estar aqui é uma terapia para a mente”, afirma.

Esse lugar é a CUTLA — Centro Universitário de Tempos Livres da Amadora, um projeto educativo, social e recreativo que busca dar “nova vida” àqueles que, em sua maioria, já estão na aposentadoria.

Com 68 anos, ela está longe de se sentir “acabada”: cabelo branco bem cortado, óculos de massa e a camiseta da instituição vestida. Teresa e outros 17 seniores — sendo três homens — dizem-se felizes com a escolha que fizeram.

“Estar aqui é muito bom. Este é meu segundo ano, pois antes precisei cuidar dos netos. Mas já tinha estado aqui e adorei. É ótimo, não só pelas atividades que fazemos, mas também pelo convívio entre nós.”

Teresa dedicou sua vida profissional a acompanhar pacientes, especialmente os mais velhos. “A pior parte da aposentadoria é a sensação de solidão, o isolamento social. O que fazemos aqui é combater isso”, revela. “A aposentadoria não é o fim de uma fase da vida; precisamos combater esse estigma. É a abertura de uma porta para novas possibilidades e atividades que não tínhamos tempo antes”, completa.

Apesar de tudo, o estigma persiste — e é justamente para combatê-lo que as Nações Unidas instituíram o Dia Internacional das Pessoas Idosas, celebrado em 1 de outubro.

Teresa não se limita às aulas de dança oferecidas pela professora Maria Adelaide. “Gosto de quase tudo. Participo nas aulas de canto, artes decorativas, inglês e em disciplinas culturais como História, Literacia em Saúde e Psicologia”. Ela justifica: “Estou ocupada, aprendo, descubro coisas novas e interajo com os outros.”

A música começa a tocar novamente nas colunas da sala. A professora sugere mais um exercício: de frente para o espelho, com os alunos atrás, ela dança ao ritmo da música, alternando entre movimentos lentos e rápidos.

No fundo da sala, perto da janela, o membro mais velho da turma acompanha a música. “Estou aqui há dez anos e só posso dizer que deveria ter vindo antes, isso só me faz bem”, diz António Lourenço, 81 anos, exibindo um sorriso genuíno.

Quando se aposentou, ele cultivou “uma hortinha”, mas logo se cansou. “Antes eu era motorista de caminhões e chefe de transportes em uma central de caminhões própria.”

O tempo que passa no centro de tempos livres “é uma forma de ocupar a vida e a mente”. “Aqui há uma ótima camaradagem entre todos”, assegura. “Quando cheguei, não conhecia ninguém, mas agora é como uma família. Conheço todos.”

Mais importante que o convívio, para Maria Duarte, 69 anos, é “manter um foco” na vida. “Estou aqui há 3 anos, este é meu quarto ano consecutivo. É muito positivo ter um foco. A pessoa acorda de manhã com um objetivo na vida: cuidar de si. Quando alguém se aposenta, é a mente que mais sofre, pois as rotinas mudam e precisamos encontrar novas ocupações”, explica, acrescentando que as atividades que frequentam “são uma forma de desafiar a preguiça e a falta de vontade.”

“Levanto-me cedo, cuido da minha higiene e, ao final do dia, estou com meus netos, um neto e uma neta, que dão trabalho, mas também trazem muita felicidade”, completa.

Quando o assunto é dança, Virgílio, 75 anos, se anima. “Adoro dançar. Talvez porque sempre estive sentado no meu trabalho, que era como motorista da Carris”, tenta justificar.

“Estou aqui na Cutla há 15 anos. Essas atividades me ajudam a manter o corpo ativo e a mente saudável. É uma maravilha”, diz, reforçando sua paixão pela dança. No seu currículo, já constam 80 apresentações de dança no salão dos bombeiros da Amadora. “Adoro dançar, sempre adorei. É uma terapia”, relata à New in Amadora.

Com 80 anos recém-completados, Odete Ribeiro, mãe de Pedro Ribeiro, comunicador e diretor da Rádio Comercial, está na organização há 19 anos. “Já conheço todos os cantos. A Cutla me proporcionou muita saúde e clareza mental. Se estivesse em casa, não estaria aqui, de certeza”, considera.

Esse é o motivo pelo qual ela frequenta diariamente a associação. “Faço aulas de canto, dança e música. Gosto de cantar. Se tenho a voz afinada? Faço o possível”, brinca, mencionando que faz parte da Tuna Académica.

Por outro lado, Eulália, 77 anos, não aceita a aposentadoria como fim da vida, que espera ser longa. “Estou aqui há 12 anos, pratico dança, ginástica, tai chi e ioga, que nos ajuda a nos conectar com a mente. É uma forma de lidar com o medo e aceitar a vida como ela é. A vida deve ser vivida um dia de cada vez. O importante é que seja vivida em paz interior”, conclui.

Explore a galeria para conhecer os seniores que dedicam seu tempo a aprender e cultivar amizades entre si.

Pat Pereira

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