Leão XIV rejeita reformas para mulheres e fiéis LGBT+

O livro “Leão XIV, Cidadão do Mundo, Missionário do Século XXI”, que inclui a primeira entrevista do novo Papa, foi lançado em língua espanhola no Peru nesta quinta-feira.
Trata-se de uma longa entrevista que aborda temas contemporâneos e os desafios que este pontificado enfrenta diante da realidade da Igreja e do mundo, após a divulgação de alguns excertos no último domingo.
Entre outros assuntos, o Papa Leão expressa claramente que não pretende introduzir mudanças doutrinárias em questões polêmicas, como a ordenação de mulheres ou a inclusão dos fiéis LGBT+.
Sobre a ordenação de mulheres diáconas, debatida em uma assembleia internacional em 2023 e 2024, Leão XIV afirma: “Não tenho intenção de mudar a doutrina da Igreja sobre o assunto, a curto prazo”. Contudo, ele deseja “continuar o caminho” iniciado pelo Papa Francisco, “nomeando mulheres para cargos de liderança em diferentes níveis da vida da Igreja”.
Quanto à acolhida dos fiéis LGBT+, que é uma questão “muito sensível” e “polarizadora”, o Papa concorda com seu antecessor sobre a importância de acolher “todos, todos, todos”, mas recusa qualquer alteração doutrinária, como o reconhecimento do casamento entre pessoas do mesmo sexo. Ele destaca: “Acredito que o ensinamento da Igreja se manterá como está”. Ele esclarece que não quer “incentivar a polarização dentro da Igreja” e sugere que “precisamos mudar as atitudes antes mesmo de pensarmos em mudar o que a Igreja diz sobre qualquer questão”.
Leão XIV reafirma seu apoio à “família tradicional” — “pai, mãe e filhos” — que, segundo ele, deve ser reconhecida e valorizada devido às dificuldades que enfrentou nas últimas décadas.
Quando questionado sobre o combate à violência sexual por parte de membros do clero, Leão XIV diz que a Igreja deve apoiar as vítimas com “genuína e profunda compaixão”, reconhecendo que elas sofreram feridas profundas que muitas vezes as acompanham por toda a vida. Ele observa que seria ingênuo pensar que as feridas sejam curadas apenas por acordos financeiros ou a demissão dos clérigos envolvidos.
O Papa também menciona que, embora a maioria das acusações seja legítima, existem casos comprovados de alegações falsas, e ele considera necessário proteger os direitos dos acusados. “Houve padres cujas vidas foram destruídas por causa disso”, acrescenta, destacando que a lei existe para proteger os direitos de todos.
Leão XIV diz que, a curto prazo, continuará a política atual em relação à China e não tem a intenção de se considerar mais sábio ou experiente do que seus predecessores. Ele mantém um diálogo contínuo com várias partes sobre as questões existentes, tentando encontrar uma maneira de a Igreja continuar sua missão, respeitando a cultura e os aspectos políticos importantes. Ao mesmo tempo, ele não esquece dos católicos chineses que sofreram opressão ao longo dos anos.
Referindo-se à política dos Estados Unidos, o Papa, que é o primeiro norte-americano a assumir o papado, diz que não pretende se envolver em política partidária, mas não hesitará em levantar questões que considera relevantes. Ele menciona que há preocupações em relação a certos acontecimentos nos Estados Unidos e sugere que a liderança da Igreja no país deveria se engajar seriamente com o governo.
Sobre a liturgia e a pressão de setores tradicionalistas para reviver a celebração do rito tridentino, Leão XIV reconhece a polarização sobre o tema e expressa a necessidade de dialogar com os defensores desse rito antes de tomar qualquer decisão. Ele enfatiza que essa é uma questão que precisa estar na agenda da Igreja.