Incêndios: IL critica Governo por soluções paliativas e falhas na prevenção

A IL criticou nesta sexta-feira o Governo por “responder com paliativos” aos incêndios, acusando-o de falhar na prevenção e de estar “afundado em propaganda e bloqueios administrativos”, sem ter corrigido “décadas de atraso”.
No comunicado, a IL afirma que os incêndios que devastam o país expuseram, “mais uma vez, as fragilidades crónicas da política florestal e da Proteção Civil em Portugal”.
“Este é o paradoxo do fogo: menos ignições, mais combustível acumulado ao longo dos anos sem gestão ativa, pronto para arder em catástrofes cada vez mais violentas”, refere.
A IL ainda ressalta que, neste contexto, o Governo “limitou-se a responder com paliativos”, referindo-se às medidas aprovadas recentemente em uma reunião extraordinária do Conselho de Ministros, em Viseu.
“Após a calamidade, [o Governo] anuncia apoios, mas não trabalha previamente para evitar a calamidade. Desde que assumiu, já teve tempo suficiente para começar a corrigir décadas de atraso, mas não o fez”, critica a IL.
O partido defende que “o investimento em prevenção continua a ser insuficiente, a Proteção Civil continua a ser um refúgio de ‘boys’, e as entidades responsáveis, como o Instituto da Conservação da Natureza e Florestas (ICNF) e a Agência Portuguesa do Ambiente (APA), permanecem atoladas em burocracia e bloqueios”.
“Ainda mais grave: quando teve a oportunidade de apoiar soluções estruturais, o Governo votou contra”, destaca o partido, mencionando que o PSD rejeitou em julho o Código Florestal Simplificado proposto pela IL e negou outra proposta que visava reformar a APA e o ICNF para eliminar “sobreposições e ineficiências”.
“As consequências dessas escolhas custam caro aos portugueses”, conclui a IL.
A IL defende uma floresta economicamente valorizada, “com cadastro atualizado, propriedades consolidadas, incentivos económicos à limpeza e remuneração por serviços de ecossistema”.
O partido também defende uma gestão ativa do combustível, “usando sistematicamente fogos controlados em áreas estratégicas”, e uma “recuperação sustentável das áreas ardidas”, promovendo “mosaicos florestais que unam rentabilidade económica e biodiversidade”.
No que diz respeito às instituições, a IL propõe fundir e digitalizar a APA e o ICNF, “com processos rápidos, transparentes e prazos vinculativos”, além de solicitar “mais prevenção e menos burocracia”.
O partido acredita que Portugal “não precisa de mais promessas ou planos adiados”, mas sim de ação imediata.
“Enquanto o Governo se perde em propaganda e bloqueios administrativos, o país continua vulnerável a incêndios cada vez mais devastadores”, afirma a IL, que considera que apenas uma floresta valorizada, instituições reformadas e políticas de prevenção e recuperação poderão “quebrar o ciclo de tragédia que anualmente ameaça vidas, comunidades e o futuro” do território.
Portugal continental tem enfrentado vários incêndios rurais de grande escala desde julho, especialmente nas regiões Norte e Centro.
Os incêndios resultaram em três mortes, incluindo a de um bombeiro, além de vários feridos, alguns em estado grave, e causaram danos totais ou parciais em casas de primeira e segunda habitação, bem como em explorações agrícolas e florestais.