FMI pede a Cabo Verde que reavalie voos internacionais

O Fundo Monetário Internacional (FMI) recomenda que Cabo Verde reavalie o financiamento estatal para os voos internacionais, uma vez que os prejuízos “podem agravar-se”, sugerindo que o foco deve ser nas ligações internas, segundo o último relatório sobre o país.
As operações internacionais da Transportes Aéreos de Cabo Verde (TACV) têm gerado prejuízos, que tendem a aumentar devido à crescente concorrência das companhias aéreas estrangeiras de baixo custo, forçando as autoridades a reconsiderar o apoio financeiro público à conectividade aérea internacional, conforme apontado pela instituição no documento que complementa as revisões da equipe do fundo, realizadas em maio, e que foi divulgado na semana passada.
Os incumprimentos da companhia aérea nacional em empréstimos bancários garantidos pelo governo têm elevado o nível de NPL (crédito improdutivo) e desviado recursos que poderiam ser melhor aplicados, como no fortalecimento da conectividade entre as ilhas, segundo o relatório consultado pela Lusa.
O FMI menciona que uma reestruturação do crédito foi realizada, e observa que “a TACV continua a ser a única grande empresa estatal que não publica regularmente demonstrações financeiras auditadas e em tempo hábil”.
O serviço de ligações domésticas enfrentou diversas interrupções em agosto devido a avarias nos aviões, sem aeronaves alternativas disponíveis para garantir as conexões, uma situação que já ocorreu em meses anteriores.
A concorrência internacional tem aumentado, e a partir de outubro, a Easyjet vai ampliar sua cobertura em Cabo Verde para todos os quatro aeroportos internacionais do arquipélago, oferecendo ligações diretas para Porto e Lisboa.
Sobre os voos internacionais, o FMI, em seu relatório anterior publicado em janeiro, reconheceu que as autoridades cabo-verdianas “permanecem cautelosas em relação à excessiva dependência das companhias aéreas de baixo custo para o transporte aéreo internacional”.
No início do ano, o FMI destacou que os problemas nas ligações interilhas constituem “um estrangulamento ao crescimento” do país, observando que a operação doméstica “atinge o ponto de equilíbrio sem sobrecarregar o orçamento”, enquanto as rotas internacionais continuam “não rentáveis” e representam um risco para o Estado.
A melhoria das ligações interilhas já foi ressaltada por outras entidades, como o Grupo de Apoio Orçamental, que inclui doadores internacionais, o banco central e empresários.