Excesso de Mortalidade Era Expectável com o Calor

Desde o início de julho, Portugal registou mais de 1300 mortes acima do esperado.
A Associação de Médicos de Saúde Pública considera que “era expectável” um aumento da mortalidade devido à recente onda de calor.
O presidente da associação, Bernardo Gomes, sublinha a necessidade de um maior controle sobre as doenças crónicas, visto que a exposição ao calor extremo afeta essas condições, especialmente em pessoas idosas.
“Sabemos que, durante períodos de calor, há um aumento da mortalidade por enfarte de miocárdio, acidente vascular cerebral, entre outras complicações”, explica Bernardo Gomes. Ele acrescenta que “se protegermos o nosso organismo do calor e lhe dermos descanso”, é possível reduzir as complicações e a mortalidade, particularmente entre os mais vulneráveis, como os mais velhos e aqueles com doenças crónicas.
“É evidente que o controle das doenças crónicas e a proteção dessas pessoas durante o calor intenso proporcionam condições para um menor impacto”, conclui.
Desde julho, Portugal contabilizou 1.300 mortes acima do esperado, especialmente entre indivíduos com mais de 75 anos, que são mais suscetíveis a ondas de calor.
De acordo com dados da DGS, citados pelo jornal Público, houve um excesso relativo de mais de 25% entre 27 de julho e 15 de agosto, um período caracterizado por altas temperaturas. Nesse intervalo, foram registrados 1.331 óbitos a mais do que o esperado em todo o país.
O excesso de mortalidade foi observado em todas as regiões, em especial nas regiões Norte, Centro e Alentejo, com exceção do Algarve, em diferentes períodos, refletindo um impacto generalizado em todo o território nacional.
“As temperaturas elevadas constituem o fator predominante do excesso de mortalidade”, informa a DGS ao Público.
Apesar dos picos de mortalidade observados em julho e agosto, o balanço global permanece estável. Entre 1 de janeiro e 18 de agosto, Portugal registou 77.292 mortes, um número praticamente idêntico ao de 2024, quando no mesmo período foram contabilizados 76.849 óbitos.