Comer sem culpa: Dicas de nutricionista para manter a forma nas férias
Aos 20 anos, a nutricionista Inês Coutinho percebeu que estava desenvolvendo uma perturbação alimentar bastante comum entre profissionais de saúde. A ortorexia é caracterizada por um comportamento obsessivo que resulta em um consumo restrito de alimentos considerados saudáveis. O conceito, introduzido em 1997 pelo médico Steve Bratman no livro “Health Food Junkie”, difere de distúrbios como bulimia e anorexia pela preocupação com a qualidade dos alimentos, e não com o peso corporal.
“Sempre fui uma menina com um pouco de excesso de peso, sem ser obesa. Sempre gostei muito de esportes, como natação, dança e ginástica, mas meus hábitos alimentares nunca corresponderam à minha fase de atleta. Isso trouxe problemas de autoestima e muitas tentativas de emagrecimento”, relata Inês. Ela tentou de tudo, desde restrições alimentares e dietas de baixo calorias até protocolos que envolviam intolerâncias alimentares. Sem grandes resultados, começou a pesquisar sobre alimentação saudável e formou-se em Dietética e Nutrição na Escola Superior de Saúde de Bragança. Hoje, é uma profissional certificada capaz de orientar os outros nos caminhos que ela mesma percorreu.
“Durante minha formação, percebi que estava fazendo tudo errado. Não procurava as informações corretas, nem conversava com as pessoas certas no meu próprio processo de emagrecimento”, confessa.
Desde sempre interessada pela área clínica, assim que terminou sua formação, começou a dar consultas. Sua primeira experiência foi em um ginásio, onde aprimorou sua abordagem e se identificou com muitos casos de seus pacientes.
“O ginásio é um excelente lugar para começar, pois atende a uma variedade de pessoas. Desde jovens a mais velhos, aqueles que desejam emagrecer ou ganhar massa muscular, ou quem busca simplesmente melhorar a saúde e a condição física. Isso ajuda a desenvolver várias competências”, recorda.
A experiência ali a fez perceber que sua abordagem profissional precisava mudar: ajudar os pacientes a melhorarem seus hábitos alimentares de forma duradoura e sem sentimentos de culpa, acompanhando-os mesmo fora das consultas. Mais de mil pessoas já se beneficiaram de sua metodologia, que combina prazer e saúde.
Agora, aos 25 anos, Inês compartilha com a NiT algumas dicas que também aplica durante as férias. Para muitos, essa época simboliza descanso, sol, passeios, amigos, família e boa comida. Entre bolas de Berlim à beira-mar, jantares longos e coquetéis ao final do dia, é fácil sentir que todo o esforço feito ao longo do ano pode ser comprometido. A boa notícia? É possível aproveitar sem culpa e sem recorrer a restrições extremas ou dietas rígidas.
O primeiro conselho que a especialista dá para férias equilibradas é entender que não é necessário abrir mão completamente dos hábitos saudáveis. “Muitas pessoas caem na armadilha do ‘tudo ou nada’, levando a exageros e arrependimentos. As férias podem ser uma extensão da vida real: experimentar um doce típico ou beber um coquetel é perfeitamente compatível com uma alimentação balanceada, desde que seja feito com moderação e consciência”, explica.
O café da manhã costuma ser o maior desafio em hotéis e resorts. Inês sugere optar por escolhas nutritivas, como iogurte natural com granola e fruta, pão com queijo fresco ou torradas com ovo e tomate. Nos últimos dias, se houver vontade, é possível experimentar opções mais calóricas – como croissants, bacon ou donuts – desde que isso não se torne um hábito diário.
A hidratação é outro ponto essencial, mas frequentemente negligenciado. Com calor, sol e mais tempo ao ar livre, a sede nem sempre é percebida, mas a desidratação aumenta o cansaço, o inchaço e a fome. As dicas da nutricionista incluem: carregar sempre uma garrafa de água, aromatizá-la com frutas, usar garrafas térmicas e definir lembretes no celular.
No que diz respeito à atividade física, Inês garante que não é necessário seguir um treino formal. Caminhar para explorar a cidade, nadar no mar, participar de atividades ao ar livre ou até experimentar uma aula de hidroginástica no hotel são formas válidas de manter o corpo ativo. O objetivo não é compensar o que se come, mas sim “preservar energia, bem-estar e saúde”.
Atenção à fome e à saciedade também é fundamental. Comer apenas porque a comida está à frente ou porque chegou a “hora de comer” pode levar a excessos. Fazer uma pausa antes das refeições ajuda a perceber se realmente estamos com fome ou apenas com vontade de comer. “É possível experimentar de tudo, mas isso não significa consumir grandes quantidades”, reforça Inês.
No que diz respeito ao álcool, é necessário redobrar a atenção: ele interfere na hidratação, no sono e nas escolhas alimentares. Alternar com água ou optar por bebidas menos doces pode minimizar o impacto sem ter que abrir mão, afirma a nutricionista. “Não existe consumo recomendado; escolha apenas alguns dias especiais para permitir-se”, aconselha.
Um erro comum é pensar que um almoço mais pesado arruinou o dia. Inês sugere compensar com uma refeição seguinte mais leve, rica em vegetais, proteína e com menor quantidade de carboidratos, sem esquecer a hidratação. Esses ajustes simples evitam que deslizes ocasionais se transformem em excessos prolongados.
Na visão de Inês, férias não devem ser sinônimo de disciplina rigorosa, mas sim de equilíbrio. “O corpo não reage drasticamente a um gelado ou um jantar diferente, mas sim à repetição de hábitos menos saudáveis ao longo do tempo. Desfrutar com consciência é a melhor maneira de retornar sem arrependimentos e com a sensação de ter realmente aproveitado”, enfatiza.
A estratégia que a nutricionista propõe é clara: controlar, não compensar; escolher com prazer, não com culpa. Quando a mentalidade muda, as férias deixam de ser uma provação alimentar e se tornam uma oportunidade de viver novas experiências, experimentar sabores diferentes e criar boas memórias, tudo sem perder o equilíbrio conquistado ao longo do ano.
A nutricionista oferece três tipos de serviços: a consulta pontual (45€), que serve para conhecer a profissional e verificar se se deseja seguir um plano mais longo com ela. Depois, existem dois tipos de acompanhamento: um de três meses, que custa 125€, e outro de seis meses, por 230€. O primeiro inclui uma consulta mensal – totalizando três – e uma reunião final. O segundo conta com seis consultas, a reunião final, um planner e dois ebooks criados por Inês.