Saúde

Cientistas resolvem mistério de 30 anos sobre nutriente oculto que protege o cérebro e combate o câncer

Cientistas resolvem mistério de 30 anos sobre nutriente oculto que protege o cérebro e combate o câncer

Uma equipe internacional de cientistas, co-chefiada por pesquisadores da Universidade da Flórida e do Trinity College Dublin, desvendou um mistério de décadas na biologia humana: como nossos corpos absorvem um micronutriente do qual dependemos para tudo, desde a função saudável do cérebro até a defesa contra o câncer.

Queuosina – pronunciada “cue-o-sina” – é um micronutriente parecido com uma vitamina que não conseguimos produzir sozinhos e que só podemos obter através da alimentação e das bactérias intestinais. É vital para nossa saúde, no entanto, sua importância passou despercebida por décadas.

Agora, em um estudo publicado esta semana nos Proceedings of the National Academy of Sciences, os pesquisadores descobriram o gene que permite a entrada da queuosina nas células, uma descoberta que abre a possibilidade de criar terapias que aproveitem o papel desse micronutriente na supressão do câncer, na memória e na forma como o cérebro aprende novas informações.

“Durante mais de 30 anos, os cientistas suspeitaram que deveria haver um transportador para esse nutriente, mas ninguém conseguiu encontrá-lo,” disse Valérie de Crécy-Lagard, professora distinta de microbiologia e ciências celulares da UF/IFAS e vice-presidente do departamento, além de uma das principais investigadoras do estudo. “Estivemos procurando por ele por muito tempo. Esta descoberta abre um novo capítulo na compreensão de como o microbioma e nossa dieta podem influenciar a tradução de nossos genes.”

O estudo foi financiado por entidades de saúde de vários países, incluindo os Institutos Nacionais de Saúde, a Research Ireland (anteriormente chamada de Science Foundation Ireland) e a Saúde e Assistência Social da Irlanda do Norte.

A queuosina modifica as moléculas que ajudam a produzir proteínas, chamadas de RNA transferidor, que é essencial na decodificação do DNA do seu corpo.

“É como um nutriente que ajusta como seu corpo lê seus genes,” disse ela. “A ideia de que esse pequeno composto, do qual as pessoas mal ouviram falar, desempenha um papel tão importante é fascinante.”

O gene que permite o acesso à célula também foi envolto em mistério médico. A identificação do gene tão procurado, SLC35F2, estabelece as bases para estudos futuros que podem levar a novos medicamentos, uma vez que esse gene já foi estudado em relação a como vírus e medicamentos contra o câncer entram nas células, mas os cientistas não sabiam o que o gene fazia em um corpo saudável até agora, afirmou de Crécy-Lagard.

“Sabemos há muito tempo que a queuosina influencia processos críticos como a saúde do cérebro, a regulação metabólica, o câncer e até mesmo as respostas ao estresse, mas até agora não sabíamos como ela é recuperada do intestino e distribuída para os bilhões de células humanas que a absorvem,” disse Vincent Kelly, professor da Escola de Bioquímica e Imunologia do Trinity College Dublin e coautor sênior do artigo.

A queuosina é uma molécula microscópica descoberta pela primeira vez na década de 1970, mas por anos seu papel na saúde humana passou despercebido até recentemente, e os pesquisadores de todo o mundo envolvidos neste estudo esperam que outros prestem atenção ao papel desse micronutriente no quadro geral da saúde do corpo.

A pesquisa reuniu especialistas da UF, da San Diego State University, da Ohio State University e de instituições parceiras na Irlanda e na Irlanda do Norte.

“Não achamos que poderíamos ter conseguido sem toda a equipe,” disse de Crécy-Lagard. “É um exemplo perfeito do que a colaboração internacional pode alcançar.”

Pat Pereira

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