Andebol do Estrela da Amadora Conta com 70 Atletas em Formação, Muitos com Bolsas
Entrou pela primeira vez numa quadra aos 12 anos e apaixonou-se pela modalidade. Até então, aquele jogo em que a bola circula de mão em mão não despertava seu interesse. “Não fui forçado, não foi conversa dos meus pais, nada disso. Fui porque quis. Havia um torneio de andebol na minha escola, na Fernão Lopes, e foi assim que tudo começou”, relata à New in Amadora Nuno Alvoeiro, coordenador da secção de andebol do Estrela e responsável por trazer a modalidade de volta à Reboleira.
O que aconteceu depois? “O esperado: a minha turma venceu o torneio e, imediatamente, o Passos Manuel convidou todos os alunos da nossa escola a formar uma equipa”. Ou seja, uma contratação em massa. “Como era perto da minha casa, foi ótimo”.
Nuno nunca tinha jogado andebol, mas aqueles jogos deixaram uma marca “para sempre”. “O que sou hoje, em termos desportivos e humanos, é o resultado do que aprendi durante a minha formação como atleta”, destaca.
A sua paixão pelo andebol nunca diminuiu. “E continua”, reitera. “Joguei entre os 12 e os 43 anos. Depois, ainda tive mais quatro épocas de veteranos, mas isso já é mais lúdico. Estive sempre ligado ao andebol como atleta, como treinador desde os 19 anos, e dirigente”, revela Nuno, que também exerce a função de coordenador da secção e treinador dos seniores no Estrela da Amadora.
No contexto do novo Estrela da Amadora, clube reestruturado há 14 anos, o andebol surgiu há quatro. “Foi um projeto que criei. No primeiro ano, tivemos apenas o escalão de seniores, que começou a competir na parte regional da III divisão nacional. Felizmente, correu bem e subimos logo para a II divisão nacional”, acrescenta.
No final dessa época (2021/22), o clube começou a estruturar a base da formação, que teve início em agosto de 2022. “Esta aposta é muito segura: temos cinco escalões de formação: sub-12 mistos, sub-14 masculinos, sub-16 masculinos e femininos e sub-18 masculinos”, enumera Nuno Alvoeiro.
“Atualmente, sem contar com os seniores, temos cerca de 70 jogadores. Contudo, estamos sempre prontos a aceitar novos atletas durante a época. Nesta modalidade, as inscrições estão sempre abertas. Por exemplo, no ano passado, inscrevemos atletas em maio, mesmo com a época a terminar em junho.”
O coordenador esclarece que não foi apenas sua paixão que motivou o surgimento do andebol no clube. “Conheço muitas pessoas da Amadora que jogaram andebol. A cidade tem um profundo vínculo com a modalidade, e esse ADN provém da Académica da Amadora, que ficou marcada no concelho ao longo de gerações”, explica à NiA.
Nuno menciona que, entretanto, havia um “vazio”. “Apenas existia um clube de andebol na Amadora, o Bairro de Janeiro, que, com 53 ou 54 anos, não consegue evoluir, o que demonstra fragilidade e falta de iniciativa, com todo o respeito”, afirma.
O andebol foi muito bem recebido na Amadora, tanto pela direção quanto pelos sócios do Estrela. “É um projeto que exige muito trabalho, principalmente devido às limitações estruturais do clube, que não possui pavilhão”.
Nuno Alvoeiro é claro: “o custo da formação é muito elevado, e os apoios que recebemos são limitados, tanto para o trabalho desportivo quanto social que realizamos diariamente”. Ele explica: “temos bolsas de apoio para crianças em situação mais carente, e as ocupamos em treinos três vezes por semana, em jogos ao fim de semana, tudo sem custo algum. Fazemos um verdadeiro serviço público”, assegura.
“Há um grande envolvimento da comunidade e dos pais. Costumo dizer que o que fazemos é muito mais do que apenas desporto, é um serviço à sociedade”, destaca à New in Amadora.
As bolsas de apoio total garantem que atletas com dificuldades comprovadas não paguem pela inscrição ou mensalidade. “Não pagam nada o ano inteiro, praticam desporto gratuitamente — e quando participam em torneios, também têm todas as despesas cobertas: transporte, refeição, uniforme de treino, equipamento de competição, acompanhamento clínico, nutricionista, etc.”, elucida.
A formação do Estrela da Amadora abrange crianças entre 10 e 18 anos. “Antigamente, dizíamos que o desporto escolar era uma boa forma de afastar os jovens de caminhos perigosos, como tabaco, drogas e delinquência. Isso ainda é válido, mas também devemos ressaltar a importância de afastá-los dos telemóveis e das telas digitais nas quais estão imersos”, afirma Nuno.
Ele reconhece e agradece a dedicação dos pais e encarregados de educação neste esforço. No entanto, ele expressa sua indignação ao informar: “só no aluguel dos pavilhões da ESA, da Roque Gameiro e da Fernando Namora gastamos 16 mil euros por ano. É um absurdo”, conclui.
Quem quiser experimentar o andebol no Estrela da Amadora pode inscrever-se a qualquer momento do ano, seja na loja do clube, no Estádio José Gomes, ou por email (andebol@cfeamadora.pt).
Carregue na galeria para ver algumas imagens dos jovens jogadores em ação.