Alegado traficante extraditado para Portugal

O suposto chefe de uma organização criminosa que utilizava empresas de canábis medicinal em Portugal para introduzir grandes quantidades de droga em mercados na Europa e África foi preso pela Polícia Judiciária (PJ) nos Países Baixos e extraditado esta quinta-feira para Portugal.
De acordo com a PJ, o grupo adquiria empresas farmacêuticas ligadas à canábis medicinal para criar sociedades comerciais licenciadas que podiam vender, importar e exportar essa substância. No entanto, direcionava quilos de canábis para mercados ilegais, utilizando documentação e certificados falsos.
O suspeito holandês detido nesta quinta-feira, com 48 anos, tinha fugido para os Países Baixos. Com a ajuda das autoridades locais, ele foi interceptado na manhã de quinta-feira e à noite já se encontrava em Portugal. A prisão contou com a participação da Unidade Nacional de Combate ao Tráfico de Estupefacientes e da Unidade de Cooperação Internacional da PJ.
Esta detenção é mais um desdobramento da operação Erva Daninha, que em maio resultou na constituição de mais de duas dezenas de arguidos e na revogação de licenças de várias empresas produtoras e comercializadoras de canábis medicinal, de acordo com informações confirmadas pela Procuradoria-Geral da República (PGR) ao Observador. Naquela ocasião, outro dos líderes do grupo criminoso foi detido e mais de 7 mil quilos de canábis foram apreendidos.
Fontes indicam que o suspeito holandês apresentava antecedentes criminais na sua terra natal relacionados com drogas, assim como outro líder dinamarquês da rede. Ambos levavam um estilo de vida extravagante, possuindo vários carros de luxo e viajando com frequência, residindo em áreas sofisticadas de Lisboa.
Num primeiro momento, em colaboração com as autoridades policiais e judiciárias (Polícia Nacional) de Espanha, a PJ apreendeu cerca de 1.200 quilos de anfetaminas, incluindo 3-CMC e 3-MMC.
Em comunicado, a Polícia Judiciária relatou que, por meio de investigações iniciadas em 2022, “foi possível identificar uma organização criminosa, composta por cidadãos nacionais e estrangeiros, que, após adquirir empresas farmacêuticas, infiltrou diversas sociedades comerciais licenciadas para o comércio por grosso, importação e exportação de canábis medicinal”.
<p“Conhecendo as falhas e vulnerabilidades do sistema de fiscalização e controle de exportações de canábis medicinal no nosso país, aproveitou-se e procedeu ao envio de vários milhares de quilos de canábis para mercados ilícitos”, aponta a PJ.
As investigações, sob a supervisão do Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP), continuam em andamento. Ao primeiro alegado chefe detido pela PJ, um cidadão dinamarquês, foi aplicada a medida de prisão preventiva, enquanto outras duas pessoas, ligadas a empresas de canábis medicinal, foram sujeitas a Termo de Identidade e Residência (TIR), com apresentações bissemanais às autoridades. As medidas de coação do detido holandês ainda não foram divulgadas.