As comoventes histórias de 8 cães que buscam amor e uma família

Maria Luísa Carmona já ultrapassou os 50 anos, mas ninguém lhe atribuiria mais de 40. É médica veterinária municipal e dirige o CROAMA – Centro de Recolha Oficial da Amadora, a nova designação para os antigos “canis municipais”. Recentemente chegada, há três semanas, revela que “está tudo a correr muito bem”, acompanhando suas palavras com um sorriso e um olhar que expressa a paixão pelo que faz.
“Foi uma aventura. Já trabalhava em outra câmara municipal com funções semelhantes, surgiu o desafio e eu aceitei. E não me arrependo de forma alguma”, confidencia à New in Amadora.
Maria Luísa faz parte de uma equipa de oito pessoas que diariamente cuida dos cães e gatos da instituição. “Alguns dos trabalhadores não têm folgas, trabalham todos os dias da semana, porque os cães não param, precisam de ser alimentados diariamente”, observa.
A instituição conta atualmente com 90 cães e 34 gatos, mas Maria Luísa destaca que “é sempre dramático, pois, infelizmente, continuam a existir muitos animais abandonados”.
“A nossa capacidade de alojamento não é proporcional ao número de donos que abandonam os seus animais ou que querem pôr fim à sua posse. Recebemos os animais que conseguimos, reabilitamos, cuidamos deles, oferecemos carinho e tentamos encontrar novas famílias que lhes dêem amor.”
O drama do abandono é real e há dificuldade em encontrar novos tutores, seja em regime de FAT (Família de Acolhimento Temporário) ou definitivo. “Claro que é mais fácil encontrar donos para animais bebés e para cães de raça, mas aqui nem aparecem, exceto os pitbulls, devido ao preconceito em relação à raça, embora seja importante destacar que os animais sempre refletem a educação dos donos”, comenta a médica veterinária.
Maria Luísa acrescenta que a principal dificuldade é “encontrar famílias que adotem e proporcionem carinho e amor a animais mais velhos — que têm uma esperança de vida menor —, os de maior porte ou os que têm doenças, mesmo que controladas”.
O trabalho é exigente diariamente. Muitos animais sabem que provavelmente não serão adotados. “Temos animais que se tornaram residentes permanentes no CROAMA e, apesar de a esperança ser a última a morrer, temos ciência de que muitos deles, se não forem adotados e não conquistarem alguém que os visite, acabarão por morrer aqui, o que é muito triste”, lamenta a profissional.

Por isso, olhando nos olhos, Luísa Carmona faz um apelo: “Com esta reportagem, espero que alguém encontre um amigo para a vida. Eles são muito agradecidos, chegaram aqui com muitos traumas, por terem sido abandonados ou mal tratados, e agora aqui estão bem, têm comida, água, passeiam e são bem cuidados, portanto, são muito carinhosos e agradecidos”.
E acrescenta: “Há muitas pessoas que estão sozinhas, ou que têm filhos, e ter um cão assim em casa é uma forma de se dar amor e também de receber carinho. Quando são adotados, os cães são muito gratos e fiéis. Eles apenas desejam carinho, comida, água e estar ao nosso lado”.
A clínica observa à New in Amadora que “ainda há muita adoção por impulso, e depois as pessoas percebem o trabalho que dá cuidar deles”. Há despesas com alimento, vacinas e tratamentos. Portanto, adotar deve ser um ato consciente, e em muitos casos não é.
“Gostar deles é fácil. No entanto, cuidar é mais difícil. Temos que considerar se temos condições financeiras para mantê-los, se temos um espaço adequado e se conseguimos conciliar a vida com a presença de um cão”, enfatiza, observando que frequentemente os animais são abandonados à porta do CROAMA. “Recentemente, abandonaram três gatinhos em uma caixa aqui na entrada. Temos avançado consideravelmente, mas ainda não é suficiente.”
A sensibilização desde a infância é a única solução. “As escolas visitam o CROAMA, as crianças conhecem os animais, percebendo que são bem tratados e levam consigo a mensagem de que é preciso cuidar bem deles.”

O Centro de Recolha Oficial tem recebido investimentos da Câmara Municipal da Amadora nos últimos anos. “A autarquia tem feito um grande esforço financeiro para melhorar as condições do centro. Aumentámos a capacidade; em 2021, foi criada uma sala para esterilizações, uma sala de recuperação e um parque para os animais passearem. Todos os dias, estes cães saem das boxes, passeiam, correm e brincam”, afirma.
Localizado em uma área arborizada, próxima da estrada dos Comandos, o CROAMA possui muito espaço verde. As boxes são amplas, embora a área mais nova seja a mais atrativa. “Em breve, também vamos recuperar a parte mais antiga do Centro”, garante a clínica.
Entre os 90 cães que habitam o centro, todos merecem uma segunda oportunidade — ou até terceira em alguns casos —, mas existem oito cujas histórias dramáticas requerem apoio urgente.
Explore a galeria para conhecer os oito cães e suas histórias: são animais dóceis que aguardam adoção. Após visualizar as fotos, entre em contato com o CROAMA e venha conhecê-los. Quem sabe você não acaba sendo adotado(a) por um deles.