Benfica sem Identidade e Fora do Topo, Mas Conquista os Três Pontos
José Mourinho reconhece que o Benfica, neste momento, carece de qualidade coletiva e de identidade, e “vive numa zona cinzenta”, mas enfatiza que o mais importante, a vitória frente ao Gil Vicente, foi alcançado.
“A equipa neste momento não tem identidade, está numa zona cinzenta entre as ideias do treinador anterior e as minhas. Algumas contradições que não são fáceis de resolver sem muito trabalho, que é o que não temos oportunidade de realizar. (…) É fundamental retirar o que foi positivo, que se baseia na mentalidade, resiliência e humildade de uma equipa que, neste momento, sabe que não é de topo, mas que precisa de pontos, e conseguimos os pontos”, afirma à BTV.
Já segue a Bola Branca no WhatsApp? É só clicar aqui
Análise: “No geral, não é o Benfica que desejamos. Nem eu, nem os jogadores, nem os adeptos, nem ninguém quer isso. O que caracteriza o Benfica é o esforço, a entrega, a abnegação, eu diria até o sacrifício, pois a equipa está esgotada. Existem jogadores que estão efetivamente exaustos. O Gil é uma excelente equipa, mas estas boas equipas têm uma semana para se preparar para os jogos, para ajustar detalhes, para apresentar bolas paradas que não podemos estudar pela surpresa. Quando fui treinador do Leiria, experimentei isso, tinha uma semana para preparar os jogos e depois podia encarar os grandes de igual para igual. Temos jogadores com dificuldades, mas felizmente agora teremos três dias para o próximo jogo. Não fomos eficazes, perdemos muitas bolas, tivemos pouco controlo do jogo e poderíamos ter explorado melhor as transições. O que fica são os três pontos, que são extremamente importantes, rompendo uma sequência de jogos sem ganhar em casa, e a mentalidade. Sem qualidade individual, sem qualidade de jogo, com jogadores esgotados, mas com caráter. E porque gosto de defender quem é atacado injustamente, o Richard Ríos deu tudo o que tinha, trouxe segurança a uma equipa sem o Enzo [Barrenechea, castigado], com o Fredrik [Aursnes] entre os que mais sentiram dificuldades.”
Jogadores cansados: “O Sudakov está a ter dificuldades, o Schjelderup é o Schjelderup, é um jogador que ainda não dispõe de 90 minutos, sem intensidade, sem sacrifício nas transições. É um jogador que gosta de bola no pé, por isso começámos com ele. O Lukébakio não conseguiria durar, preferi começar com ele e, em seguida, olhar para o banco e ver o Leandro Barreiro, com 25 anos, ser o ‘avô’ dos outros miúdos de 18, 19, 20 anos. Para quem está dentro do campo, olhar para o banco e ver miúdos é complicado. O Tomás Araújo não é um lateral, mas é bom a fechar as transições. Hoje houve mais pragmatismo. Três pontos, que é o mais importante, e finalmente três dias de descanso em vez de dois.”
Falta de identidade: “A equipa agora não tem identidade, vive numa zona cinzenta entre as ideias do treinador anterior e as minhas. Algumas contradições que não são fáceis de ultrapassar sem muito trabalho, que não temos oportunidade de realizar efetivamente. O trabalho em campo tem sido limitado. Vamos pensar em um jogo de cada vez. Sabemos que jogamos contra equipes fortes no seu estádio, além do Chaves na Taça de Portugal, que não será acessível, mas felizmente não há lesões, o Lukébakio recuperou, e hoje serviu como treino. Conseguimos também dar descanso ao Enzo [castigado], que estava em sério risco de lesão. É importante retirar o que de bom fizemos, que se baseia na mentalidade, resiliência e humildade de uma equipa que, neste momento, reconhece que não é de topo, mas que precisa de pontos, e conseguimos os pontos.”
