Guggenheim de Bilbao dedica exposição a Vieira da Silva

A exposição “Maria Helena Vieira da Silva: Anatomia do Espaço” estará em exibição no Museu Guggenheim de Bilbau de 16 de outubro a 22 de fevereiro de 2026. É uma oportunidade para (re)ver uma das artistas abstratas mais reconhecidas na Europa do pós-guerra.
O Museu Guggenheim de Bilbau, na Espanha, inaugura a mostra “Maria Helena Vieira da Silva: Anatomia do Espaço” no dia 16 de outubro. A exposição se estenderá até 22 de fevereiro de 2026, abordando as fases mais significativas da vida e obra da artista portuguesa. A narrativa passa por sua relação com o marido, o pintor húngaro Arpad Szenes, seu ateliê, o exílio no Brasil, a vida no Rio de Janeiro e o retorno a Paris, além do reconhecimento internacional de sua obra.
Os temas centrais da exposição incluem “Maria Helena e Arpad”, “Anatomia do espaço”, “Xeque-mate: bailarinos, xadrezistas e jogadores de cartas”, “A Segunda Guerra Mundial vista do Rio de Janeiro”, “Regresso a Paris”, “Cidades: reais e imaginárias”, “Exteriores e interiores” e “Tons de branco”, estruturando oito seções ao longo do evento.
Na apresentação, o Guggenheim destaca que a curadoria de Flavia Frigeri oferece uma análise profunda da evolução da linguagem visual de Vieira da Silva, de 1930 a 1980, com foco especial em seu interesse pelo espaço arquitetônico. Anota ainda que a artista dissolveu as fronteiras entre paisagens urbanas reais e imaginárias e transcendeu as referências formais à cultura visual portuguesa, assim como a movimentos vanguardistas como o cubismo e o futurismo.
O museu irá complementar a exposição com um programa de atividades, incluindo a exibição do documentário “VIEIRARPAD”, dirigido por João Mário Grilo, nos dias 30 e 31 de janeiro de 2026, bem como diversas visitas guiadas. A relação de Maria Helena Vieira da Silva com a colecionadora Peggy Guggenheim e com o empresário Solomon R. Guggenheim também será explorada.
Maria Helena Vieira da Silva nasceu em Lisboa no dia 13 de junho de 1908 e mudou-se para Paris em 1928, onde viveu a maior parte de sua vida, tornando-se cidadã francesa em 1956. Em 1928, começou a estudar na Académie de la Grande Chaumière, onde conheceu Arpad Szenes, seu futuro marido. Um marco importante em sua carreira ocorreu em 1932, quando a galerista Jeanne Bucher vendeu uma de suas obras ao Museu de Arte Moderna de Nova Iorque e organizou sua primeira exposição individual no ano seguinte.
Ela se tornou uma das artistas abstratas mais destacadas da Europa pós-guerra, criando composições geométricas originais. Depois de um período de exílio no Brasil durante a Segunda Guerra Mundial, recebeu a naturalidade francesa, país que a acolheu para o resto de sua vida e onde recebeu importantes prêmios artísticos. Seu percurso também foi marcado por encomendas significativas de arte pública, além de trabalhos em cenografia, tapeçaria, vitral e ilustração.
Nos seus últimos dias, a artista trabalhou em seu estúdio em Paris sem a companhia de Arpad, período que coincidiu com o reconhecimento mais elevado de sua carreira, sendo eleita Membro da Royal Academy of Arts em Londres (1988), nomeada Officier de la Legion d’Honneur pelo Presidente François Mitterrand (1991) e testemunhando a criação da Fundação Arpad Szenes-Vieira da Silva em Lisboa (1990). Além de estar presente em importantes coleções nacionais, suas obras fazem parte de museus renomados mundialmente, como o Centre Georges Pompidou (Paris), MoMA e Guggenheim Museum (Nova Iorque), Walker Art Center (Minneapolis), Tate Collection (Londres), Museo Thyssen-Bornemisza (Madrid), Art Institute of Chicago e Ashmolean Museum (Oxford), assim como a Pinacoteca do Estado de São Paulo.