Banco Sabadell reafirma rejeição à OPA do BBVA e convoca acionistas à recusa

No comunicado enviado hoje à Comissão Nacional do Mercado de Valores (CNMV) da Espanha, o Banco Sabadell afirmou que a Oferta Pública de Aquisição (OPA) proposta pelo BBVA não representa corretamente o valor intrínseco de suas ações, considerando que esta “subvalorizou muito significativamente” o Sabadell e suas perspectivas futuras de geração de renda para os acionistas.
O Conselho de Administração do banco espanhol Sabadell rejeitou, de forma unânime, a OPA hostil do BBVA e recomendou aos acionistas que não vendam suas ações, ressaltando que o valor proposto é insuficiente.
A oferta apresentada pelo BBVA “é inadequada e está muito aquém do valor fundamental do Banco Sabadell”, alertando que os acionistas podem “perder dinheiro” ao aceitá-la, conforme mencionado no comunicado à CNMV.
O Sabadell apresentou outros argumentos contra a venda das ações, incluindo as restrições impostas pelo governo espanhol à OPA, que “pioraram de forma manifesta” a oferta do BBVA.
Junto à comunicação enviada à CNMV, o banco anexou relatórios e estudos financeiros encomendados aos bancos de investimento Goldman Sachs e Evercore Partners, que concluiram que o preço oferecido pelo BBVA é “inadequado” e não representa um benefício para os acionistas.
A OPA do BBVA sobre o Sabadell, ambos bancos espanhóis, começou na segunda-feira e se estenderá até 7 de outubro.
O resultado deverá ser divulgado entre os dias 14 e 20 de outubro.
A OPA, autorizada pelo regulador espanhol (CNMV) em 5 de setembro, visa adquirir 100% do capital social do Banco Sabadell, composto por 5.023.677.732 de ações.
O BBVA oferece 0,70 euros por cada ação do Banco Sabadell, além de uma ação nova do BBVA.
Após a autorização da CNMV, o presidente do BBVA, Carlos Torres, declarou que a OPA possui agora uma “lógica reforçada” e é “muito atraente” para os acionistas do Sabadell.
“Era atraente desde o início e continua a ser, considerando a evolução dos valores de mercado”, comentou Carlos Torres durante uma conferência com analistas.
De acordo com o BBVA, o valor da oferta pelo Sabadell aumentou de 12.200 milhões de euros no final de 2024 (pouco antes do anúncio da OPA) para 17.400 milhões em 4 de setembro.
O BBVA lançou a OPA sobre o Sabadell há mais de um ano.
No final de abril, a OPA recebeu autorização da CNMC da Espanha.
Em 24 de junho, em uma decisão sem precedentes, o governo espanhol submeteu a OPA ao Conselho de Ministros, estabelecendo que a autorização só seria concedida se os dois bancos mantivessem, por três anos, personalidades jurídicas, patrimônios e gestões separadas.
Após esse período, o governo poderá estender essa exigência por mais dois anos.
O executivo justificou a decisão com a necessidade de proteger princípios de “interesse geral”, conforme previsto na legislação espanhola, que possuem respaldo na jurisprudência da União Europeia.
Esses critérios de “interesse geral” incluem a garantia de financiamento para pequenas e médias empresas, proteção do quadro de funcionários dos dois bancos, coesão territorial, objetivos de “política social” (como acesso à habitação ou ao trabalho das fundações dos dois bancos) e promoção de investimentos em pesquisa e tecnologia.
A Comissão Europeia (CE) abriu um procedimento de infração contra a Espanha em decorrência da legislação que permitiu ao governo condicionar a fusão dos dois bancos.
Em 11 de agosto, o BBVA decidiu prosseguir com a OPA, apesar das condições impostas pelo governo.
O Sabadell se opõe à OPA, assim como o governo espanhol e o governo regional da Catalunha, que também expressaram reservas.
Se a fusão ocorrer, os dois bancos criarão uma entidade com cerca de um trilhão de euros em ativos, 135.462 funcionários em todo o mundo (dos quais 19.213 do Sabadell) e mais de 7.000 agências.
Isso posicionaria a nova instituição como um dos principais bancos da Europa, superando o CaixaBank (proprietário do português BPI) em ativos e se tornando o segundo maior banco da Espanha nesse aspecto.