Miguel Oliveira termina treinos livres na Hungria em 18.º lugar e vai para a Q1
Foi um momento difícil para toda a equipe, especialmente para Miguel Oliveira. Enquanto a Yamaha Pramac se prepara para decidir quem permanecerá na próxima temporada — entre Jack Miller, cujo contrato está prestes a expirar, e o português, que possui uma cláusula que permite a rescisão se seu desempenho não for satisfatório —, o Grande Prémio da Áustria funcionou como um abre olhos para todos, revelando a atual situação da equipe em relação aos outros times. Fabio Quartararo ficou em 15.º lugar, enquanto os demais pilotos da equipe terminaram logo atrás. O Falcão admitiu ter feito “uma das piores corridas da carreira”, finalizando em um modesto 17.º lugar. Nada saiu como planejado em Spielberg.
“Desde o warm up com o pneu médio traseiro, percebi que a corrida seria muito difícil. É frustrante não conseguir adaptar nosso estilo de pilotagem para sermos mais rápidos ou lutar. Foi complicado para mim, uma das piores corridas que já fiz. Todos os quatro pilotos da Yamaha possuem suas forças e fraquezas em diferentes partes da pista, mas nossas dificuldades foram muito semelhantes. A classificação não importa em relação a qual Yamaha terminou em primeiro ou último, porque quando estamos no fundo, isso não é relevante. Não temos aderência ao acelerar na saída das curvas e sentimos falta de apoio na traseira para inclinar e curvar mais rapidamente. Um dos principais problemas com esta moto é a frenagem. Já chegamos ao limite do que esta moto pode oferecer,” confidenciou após a prova.
Como esperado, a semana foi mais “pesada”, com a decisão sobre quem ocupará o lugar do jovem prodígio turco Toprak Razgatlioglu em 2026 gerando muitos comentários e até uma “explosão” de Jack Miller. “Todas as opções são válidas, mas tenho outras alternativas. Fora deste paddock, claro, no MotoGP não há vagas disponíveis. Tenho um prazo definido na minha mente, mas não vou revelar qual é. Fui mais do que paciente. Se me querem, querem; se não, não querem. Simples assim. Quanto mais o tempo passa, mais sinto que não me querem, são nomes e mais nomes acrescentados à lista… Estava ansioso para desenvolver a moto, achando que poderia contribuir para um projeto assim,” disse ao GPOne.
Miguel Oliveira, mais do que nunca, falou de forma aberta sobre a situação em entrevista ao The Race. “Não me arrependo de nada do que fiz, mas sinto que, se deixar o paddock, vou me sentir incompleto. Acho que minhas capacidades como piloto são maiores do que o que demonstrei. Isso pode parecer arrogância, mas é assim que me sinto. Quando estamos na elite, precisamos mostrar e pilotar a moto o mais rápido possível. O que acontecerá não importa; estarei bem. Essa é a mensagem. Estarei mais do que bem,” afirmou.
Em certos momentos, suas palavras quase soaram como uma despedida, mas em outros parecia que ainda existia uma chama de esperança. A próxima parada? O Balaton Park na Hungria, prévio a uma decisão cada vez mais aguardada. O objetivo? Fazer melhor do que na Áustria, sem criar expectativas excessivas. “Estou muito ansioso para conhecer o Balaton Park pessoalmente. Pelo que vi nas corridas de Superbike, não parece ser uma pista fácil, com muitas frenagens, curvas lentas, reinícios e mudanças de ritmo. No entanto, espero que seja um fim de semana muito melhor para nós do que foi na Áustria,” destacou Miguel Oliveira.
Os primeiros sinais, no entanto, não foram os melhores. As Yamaha apresentaram um desempenho ligeiramente melhor do que em Spielberg, com Fabio Quartararo marcando o 11.º tempo na sessão matinal e Jack Miller terminando em 13.º. Mas o português só conseguiu o 18.º lugar, à frente de Álex Rins (20.º), mas rodando quase 0,4 segundos mais lento que o australiano, seu companheiro de equipe na Pramac, em uma nova sessão dominada por Marc Márquez, que teve as KTM de Pol Espargaró e Pedro Acosta como principais adversários. A sessão vespertina se aproximava, e a expectativa de qualificação para a Q2 parecia quase uma miragem (diferente do que ocorreu em provas anteriores), mas havia espaço para melhorar.
O crescimento foi perceptível em parte, não apenas por Miguel Oliveira, mas também por outros pilotos da Yamaha como Jack Miller e Álex Rins. Porém, o português apenas passou pelos lugares cimeiros nos minutos iniciais da sessão, oscilando entre a 13.ª e a 18.ª posições, dependendo do momento em que saiu à pista para tentar melhorar seus tempos. Tudo ficou reservado para a fase final do time attack, marcado por uma queda feia de Pedro Acosta que anulou vários tempos pela bandeira amarela, antes da bandeira de xadrez ser exibida com o melhor tempo de Oliveira, que não impediu que terminasse em 18.º (1.38,072). Pedro Acosta foi o mais rápido com 1.37,061, seguido por Marc Márquez, Álex Márquez, Fermín Aldeguer, Enea Bastianini, Franco Morbidelli, Joan Mir, Pol Espargaró, Luca Marini e Fabio Quartararo, que avançaram direto para a Q2, deixando de fora nomes como Jorge Martín, Pecco Bagnaia, Marco Bezzecchi ou Brad Binder, que competirão na Q1 com o Falcão e Jack Miller, que acabou em 17.º.